Começa o mês de dezembro e nos lembramos de uma data importantíssima, que pouco tem a ver com as festas de fim de ano: 1º de dezembro marca o Dia Mundial de Combate à AIDS. A doença, que já é muito conhecida, voltou a ser um assunto recentemente por um motivo, o aumento no número de casos no Brasil.
Segundo a Organização das Nações Unidas, entre 2010 e 2018 houve um aumento de 21% nos casos de infeção por aqui – o que coloca o Brasil como um dos primeiros em número de casos na América Latina.
“Por termos hoje tratamentos tão eficazes contra o vírus e abordagens tão escassas sobre o HIV / AIDS, as pessoas se esqueceram da preocupação com a prevenção na atualidade”, explica a Dra. Naira Scartezzini Senna, ginecologista e obstetra especialista em tratamento de HPV e pós-graduada pela UNIFESP.
Em média, o aumento do número de casos na América Latina fica em torno de 7%, com o Chile em primeiro lugar (34% mais casos), Bolívia em segundo (22%) e Brasil e Costa Rica em terceiro (os dois com 21% mais casos).
Transmissão virou festa?
O número pode assustar, mas demonstra apenas um padrão de comportamento que virou comum. Em 2015, por exemplo, o Fantástico, da Globo, mostrou como alguns grupos de pessoas começaram um “jogo”: transmitir o vírus HIV sem o conhecimento ou consentimento do parceiro sexual.
Vale lembrar que essa prática caracteriza crime passível de punição – rende entre 2 e 8 anos de cadeia por lesão corporal grave.
De fato, o fácil acesso ao tratamento – que é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde -, deixou a preocupação com a transmissão em segundo plano, e o conhecimento se torna a melhor arma contra a disseminação do vírus.
“Acredito que a informação é a melhor arma contra o medo. Falar sobre o HIV sem tabus ou preconceitos com as mais diferentes faixas etárias é essencial para trazer o assunto à tona e promover a prevenção”, diz Naira.
De acordo com a médica, um ponto importante era que, décadas atrás, quando a transmissão e a doença em si estavam em alta, a conversa era mais presente. Grandes ídolos que sofriam com a doença, como Cazuza e Freddie Mercury trouxeram o assunto à tona e acenderam a discussão sobre o tema, colaborando para a disseminação da informação.
Ao contrário, com o pico de transmissão contido, a conversa é relembrada apenas em datas ou ocasiões específicas, como o Carnaval, tornando os detalhes de transmissão e tratamento desconhecidos para boa parte da população.
Como combater uma epidemia de HIV?
Diminuir o contágio e conter uma epidemia começa com uma conversa sincera sobre o assunto. “Desmistificando o vírus, suas formas de contaminação, como é feito o diagnóstico, quais os cuidados que os portadores do vírus devem ter…”, começa Naira. “Tratar o tema sem tabus e, principalmente, sem preconceitos é a melhor forma de incentivar o diálogo”.
Vale também ficar atento: o vírus está presente não só no sêmen, mas no sangue, na secreção vaginal e no leite materno – o que torna ainda mais delicada a situação de mulheres que engravidam e pensam em amamentar depois do parto.
Ou seja, existem mais de uma maneira de contrair o vírus HIV: via relações sexuais desprotegidas (sexo oral, vaginal ou anal), compartilhamento de seringas, de mãe para filho durante a gravidez e amamentação, transfusão de sangue ou contato com instrumentos que furam e cortam.
Em caso de contágio, o diagnóstico da infecção é feito a partir da coleta de sangue. Os testes podem também serem feitos gratuitamente pelo SUS, inclusive de forma anônima. Você pode saber o local mais próximo de você para fazer o teste através do serviço Disque Saúde (136).
No mais, vale o lembrete: a forma mais efetiva de evitar o contágio é com a utilização da camisinha durante o sexo. Independentemente da sua orientação sexual, a proteção é sempre imprescindível para evitar a transmissão dessa e outras doenças.
Entrevista feita pelo portal YAHOO BRASIL, acesse aqui na a fonte.