Dra. Claudia Figueiredo Mello
Infectologista
Aqui em São Paulo as dúvidas sobre sarampo estão bombando com o surto atual e a campanha de vacinação que está tentando por um fim nele.
Infelizmente esse surto não é um privilégio nosso, a Organização Mundial de Saúde identificou surtos de sarampo em 170 países desde 2017. Agora em 2019 os países mais acometidos são Madagascar, Ucrânia, Índia, Nigéria e Filipinas.
Até 25 de julho tínhamos 484 casos confirmados na cidade de São Paulo, mas ainda contamos com 1749 casos em investigação.
Tentei reunir aqui algumas informações para esclarecer vocês ainda mais sobre essa doença e, principalmente, como evitá-la.
Acho que a mais importante é que o sarampo é uma doença imunoprevenível e potencialmente erradicável se a população toda for vacinada, já que o único reservatório é o homem.
O Brasil havia recebido em 2016 o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo emitido pela Organização Panamericana de Saúde, uma pena ter durado tão pouco, não é mesmo?
Isso só aconteceu porque a cobertura vacinal (porcentagem da população vacinada contra o sarampo) não estava adequada. Como o sarampo é altamente contagioso, a cobertura vacinal tem que ser bem alta, a meta é ter 95% da população vacinada.
A vacina de sarampo faz parte do calendário vacinal brasileiro, indicada de rotina na forma de vacina tríplice viral para bebês de 12 meses de idade e na forma de vacina tetraviral para bebês de 5 meses.
Quem já tomou duas doses da vacina depois de ter completado um ano de vida já é considerado protegido. Pessoas que não tem comprovação dessas duas doses após um ano de idade devem receber a vacina.
Até os 29 anos é necessário receber duas doses, entre os 30 e 59 anos uma dose basta. Profissionais de saúde devem sempre ter duas doses com intervalo de pelo menos 30 dias.
Frente ao avanço de casos na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde lançou em 10 de junho uma campanha de vacinação e foi ampliando o público alvo que inicialmente era os jovens de 15 a 29 anos sem comprovação de imunidade e agora engloba: bebês entre 6 meses e 11 meses e 29 dias, todas as pessoas entre 15 e 29 anos independente do número de doses anterior e profissionais da saúde, também independente do número de doses anterior.
Outra situação na qual há a vacinação não seletiva, ou seja, independente da situação vacinal e da história pregressa da doença é a vacinação de bloqueio, que deve ser realizada em até 72 horas da notificação de um caso e busca interromper a transmissão e diminuir os surtos. A vacinação de bloqueio deve abranger todos os expostos a locais rotineiros de um caso (por exemplo: condomínio de residência, creche, escola, faculdade…).
Não há contraindicação para receber mais de duas doses, porém caso alguém tenha recebido uma dose nos últimos 30 dias não há necessidade de revacinar no bloqueio.
Quem não deve receber a vacina são os bebês menores de 6 meses, gestantes e indivíduos imunodeprimidos graves (com doenças que afetam intensamente a imunidade, como AIDS e contagem de CD4 abaixo de 200 células/mm³, doenças linfoproliferativas ou transplantados de órgãos sólidos).
A adesão à vacinação é fundamental para conter o surgimento de novos casos da doença aqui em São Paulo, se você tem indicação para receber a vacina de sarampo procure nesse site a unidade básica de saúde mais próxima: http://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/ ou nesse confira nesse site a lista de postos volantes: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/index.php?p=278134
Se quiser saber mais sobre o sarampo e a vacinação, acesse esse site da prefeitura com texto no formato de perguntas e respostas: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/index.php?p=261046
Espero que esse texto tenha ajudado, se pelo menos uma pessoa for tomar a vacina depois de ter lido ele já fico muito satisfeita!
Confira o artigo original na íntegra aqui:
https://www.infectologistaclaudiamello.com/post/sarampo-na-cidade-de-s%C3%A3o-paulo
Dra. Claudia Figueiredo Mello
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