Pesquisa realizada entre usuários do aplicativo de relacionamento Inner Circle aponta que 9 em cada 10 homens já gozaram na primeira vez com um novo par. Esse número cai drasticamente entre as mulheres: a cada 10, apenas 3 delas conseguiram gozar no encontro inicial. De acordo com a sexóloga Julia Franco, especialista em empoderamento sexual feminino, três fatores costumam influenciar o entrave da ala feminina: autocobrança, medo e julgamentos.
Transar com uma pessoa diferente pode gerar tanta tensão quanto a primeira experiência sexual da vida. Dúvidas em relação ao crush, aliadas às inseguranças pessoais, por exemplo, são fatores que pesam e influenciam a dificuldade de alcançar o clímax logo de cara, principalmente entre as mulheres.
Causada pela hesitação com o corpo, a mulher tende a se cobrar excessivamente em relação à própria aparência, pensando que a outra pessoa pode ficar de olho em “imperfeições” ou até mesmo não achá-la atraente por isso.
Antes da transa acontecer, a sensação de não fazer o suficiente pode vir à tona. Assim, esse medo de não agradar quem está com ela na cama acaba dominando o momento e desencadeando outros receios, como o de não ser mais convidada para aquele encontro, por exemplo.
Julgamentos. Por medo de ser qualificada como “vulgar”, a mulher opta por não expor seus desejos no ato – e gozar pode ser um deles!
Segundo a sexóloga Gislene Teixeira, especialista em relacionamentos o fato de não existir tanta intimidade com o par novato impacta na dificuldade de a mulher gozar. Além dessa questão, outros fatores contribuem para o orgasmo não chegar. Entre essas possibilidades, a sexóloga aponta a falta de desejo, o desconhecimento do próprio corpo, traumas anteriores, dores na penetração, pouco repertório erótico, tabus, preconceitos, falta de carinho e afeto e até medo de engravidar ou contrair doenças.
A mulher pode não chegar ao orgasmo por anos ou até mesmo durante toda a vida, ou seja, não é algo exclusivo da primeira experiência com alguém novo. “Dessa forma, compromete-se o prazer sexual não apenas na primeira transa, mas nas seguintes. Afeta, inclusive, a ausência de prazer autônomo, sozinho, digo, na masturbação”, fala.
Nem obrigação, nem fingimento. Gislene reforça que o orgasmo é uma construção, logo, aquela obrigatoriedade em chegar lá deve cair por terra. Do mesmo modo, nada de fingir que gozou só para agradar a outra pessoa, porque isso tende a causar frustração. “Explore e aproveite o ato e não se culpe, não se cobre, nem se julgue se não conseguir atingi-lo”, lembra.
Gozar de primeira: agora vai!
Universa ouviu vários especialistas no assunto e traz dicas infalíveis para que o gozar seja um prazer e não um dilema.
1. Conheça seu corpo
O grande trunfo feminino, na opinião de Gislene, é dominga o próprio corpo. “Conheça e explore as zonas erógenas, pele, toque, cheiro, gosto, enfim, todos os órgãos do sentido, recomenda.
2. Orgulhe-se da masturbação
Além de conhecer o que dá prazer, usar a masturbação para alcançar o clímax é dica certeira, o que nem sempre é tarefa fácil, visto que isso envolve questões culturais.
“Desde cedo a menina é repreendida ao se tocar. É preciso que isso mude e o assunto seja visto com menos tabu, pois o relaxamento vem espontaneamente e a naturalidade para a prática, também”, aponta a ginecologista e obstetra Naira Scartezzini Senna, especialista em saúde da mulher.
3. Escolha as posições
Não custa nada dar uma ajudinha para o orgasmo aparecer. Nesse sentido, na hora de ir para a cama com um par novo, a mulher não deve se intimidar e deixar de explorar as posições que lhe dão mais prazer.
4. Não é sexo de novela
Para Júlia Franco, outro ponto importante é deixar de lado a intenção de performar como os personagens na televisão. Ou seja, Ou seja, aquilo que se vê com caras, bocas e gemidos não condiz, necessariamente, com um sexo real. “Deixe a coisa acontecer; ninguém faz sexo estético como na novela“, argumenta.
5. O desejo antes de tudo
Lelah Monteiro, sexóloga, psicanalista e educadora sexual, observa que uma transa consiste em algumas fases e o desejo é a primeira delas. Só depois dele, como uma resposta, deve vir a excitação. “Então, tem que deixar a vontade ir aumentando, a excitação vir, vir, vir? E não se distrair, não fugir dela por culpa ou medo”, diz.
6. Entregue-se ao momento
Lelah defende que a entrega é a chave para o orgasmo acontecer. Logo, julgamentos, necessidade de controle e até muito raciocínio vão dificultar o clímax. “Entrega, entrega, entrega, entrega: essa é a dica de ouro, a dica das dicas. É permissão, relaxamento, entrega, presença”, reforça.
7. Autoelogios são importantes
Julia Franco lembra ainda da importância de olhar para os fatos: se duas pessoas estão indo para a cama, é porque existe muito tesão, não é mesmo? “Relaxa e lembre-se que você é uma gostosa!”, fala.
8. Questione-se
O medo de julgamento alheio também é comum. Mas Virginia vê nisso uma fonte de questionamento. “Se o par julgar alguma coisa pelo comportamento sexual, ali, em quatro paredes, questione-se: ‘Será que essa pessoa vale a pena?'”, avalia.
9. Kit essencial na bolsa
Que tal dar um plus no momento íntimo? Além de preliminares e de fantasias a dois, recorrer a produtos específicos para isso conta pontos a mais. “Vale usar os famosos ‘brinquedinhos’, os sex toys, e acessórios para se entregar, criar diálogo e intimidade”, diz Gislene. Por que não já sair de casa preparada? Para a sexóloga holística Virginia Gaia, ter alguns itens à mão ajudam (e muito!) a encontrar o próprio prazer, em qualquer situação.
“A mulher deve carregar o lubrificante que gosta, o preservativo. Isso faz uma diferença muito importante. Se quiser, gostar e se sentir à vontade, pode levar um estimulador, como vibradores do tipo bullets”, indica.
10. Foque em si mesma
Júlia Franco lembra que quase todos homens vão gozar de qualquer jeito (como a própria pesquisa do app Inner revelou). Assim, é melhor pensar em si mesma e investir no seu orgasmo.
“Coloque-se em primeiro lugar e foque no que lhe dá prazer. Não tenha medo de mudar de posição ou ficar mais tempo de um jeito que gosta”, salienta Julia Franco.