RESUMO
- Amamentar é benéfico para a saúde do bebê e da mãe
- O estresse e a alimentação podem influenciar na qualidade da amamentação
- Não existe nada no mercado que substitua o leite materno
“Meu leite pode ser fraco para o bebê?” ou “silicone nos seios atrapalha na produção de leite?” É comum que as futuras mães de primeira viagem tenham questionamentos como estes e se preocuparem em como amamentar da maneira correta. Quando falamos de amamentação, muitos mitos ainda são difundidos de geração em geração e pelas redes sociais que podem ser prejudiciais para a saúde da mãe e do bebê.
Diante dessas questões, a ginecologista e obstetra Naira Scartezzini Senna desvenda algumas mentiras sobre o tema e enfatiza a importância da amamentação.
A amamentação faz bem para a saúde do bebê?
Verdade! Amamentar faz bem para a mãe e para o filho. O leite materno é um composto nutricional adequado para as necessidades do bebê e é muito importante do ponto de vista imunológico. O leite fornece anticorpos antes mesmo que o recém nascido possa ter contato com determinadas doenças ou tomar vacinas. Para a mãe, a amamentação é importante porque ele é um fator preventivo de câncer de mama. Quanto mais tempo ela amamenta, melhor é para ela.
Algumas mães têm leite fraco e não alimentam o bebê?
Mito! O leite é constituído dentro da necessidade do bebê. Existe uma comunicação da gengiva e da mucosa da boquinha do bebê com o mamilo da mãe para que ela molde o leite dentro das necessidades nutricionais do bebê, seja com mais gordura, com mais água, para mais hidratação e com anticorpos. Se esse bebê está ganhando peso adequadamente, essa mãe tem sim leite suficiente para nutri-lo.
As fórmulas atuais são quase como o leite materno?
Mito! As fórmulas não substituem o leite materno tanto em adequação das necessidades do bebê, quanto em anticorpos. O leite materno ainda é infinitamente superior às fórmulas que a gente tem no mercado.
Amamentar com seio de silicone atrapalha?
Depende! Próteses de silicone são cirurgias na mama, assim como as reduções mamárias e outras cirurgias na mama também. Em algum cenário, a cirurgia na mama pode sim dificultar a amamentação, mas não em todos. O importante é conversar com essa mãe durante o pré-natal para que ela saiba que, se ela tiver alguma cirurgia na mama, isso pode ser uma dificuldade na frente, no período de amamentação, mas não um impeditivo.
Alimentação e uso de substâncias legais e ilícitas interferem no leite materno?
Verdade! É contraindicado para as mães em aleitamento consumir álcool, pois tem passagem para o leite materno. Com relação a alimentos em geral, essa é uma demanda que o pediatra vai trazer. Se o bebê tiver algum tipo de intolerância ou manifestar algum tipo de intolerância, o médico vai adequar a dieta dessa mãe dentro dessas necessidades. Mas, no geral, a única contraindicação é em relação ao uso de álcool durante a amamentação.
Deve-se interromper a amamentação depois que o bebê começar a ingerir outros alimentos?
Mito! A recomendação do Ministério da Saúde e da Sociedade de Pediatria é que a amamentação seja incentivada e mantida dentro das possibilidades de cada mãe e bebê até os dois anos de idade e até os seis meses de idade esse bebê seja alimentado exclusivamente com leite materno.
Mamadeira e chupeta prejudicam a amamentação?
Verdade! No termo médico, a mamadeira e a chupeta são chamados de bicos artificiais. Nas primeiras semanas, que é o momento mais desafiador para mãe e para o bebê, esses bicos artificiais podem prejudicar a pega correta do mamilo e adaptação do bebê à sucção. Em um outro momento, a mamadeira pode ser uma alternativa para a oferta do leite materno. As mães que têm de retornar ao trabalho, por exemplo, o bebê já tem quatro ou seis meses, como fazer para manter a oferta desse leite materno se eu não estiver com ele o tempo todo? Nesse caso, uma mamadeira pode ser usada como um meio, como um receptáculo para oferecer o leite. É importante que nesse momento a mãe tenha sempre a orientação da obstetra ou da pediatra.
Na falta da mãe, outra mulher pode amamentar a criança?
Mito! O aleitamento cruzado era comum há muitos anos e existiam as “amas de leite”, por exemplo. Hoje em dia isso não é mais recomendado porque existem riscos de contaminações e doenças que oferecem perigo para o bebê. Quando ele precisa de leite materno e a própria mãe não pode oferecer por qualquer motivo, recorre-se ao banco de leite, que seleciona as amostras de leite materno que são doadas, pasteuriza-as, e prepara para que o bebê receba sem esse risco de infecções ou doenças que possam vir.
Os seios murcham, aumentam ou mudam de formato após a amamentação?
Mito! O corpo inteiro da mulher passa por modificações durante a gestação e o puerpério. Essas modificações não necessitam ser vistas como um problema, pois elas vão acontecer de qualquer forma, faz parte deste momento da vida da mulher. É mito que a mama vai cair por amamentar. São modificações que vão acontecer naturalmente e não ocasionadas pela sucção do bebê. Não deve ser levado como um fator que desabone a importância do aleitamento materno.
Seios menores dão menos leite?
Mito! Seios grandes ou pequenos podem amamentar da mesma forma.
A amamentação faz a mãe emagrecer?
Verdade! A amamentação envolve um estímulo do metabolismo da mãe para produção desse leite constante. Pode auxiliar no retorno ao peso que ela tinha antes da gravidez, mas existem outros fatores que interferem, como o ganho de peso dessa mãe durante o pré-natal e a gestação e a alimentação no período de pós-parto e de puerpério. Então, acreditar que simplesmente só amamentar vai emagrecer, também é uma crença errada. A gente precisa entender que sim, pode auxiliar, mas também não é o único fator que tem influência.
É preciso revezar os dois seios para amamentar?
Verdade! A recomendação é que sempre seja ofertado uma mama, a primeira mama naquele momento da mamada e que o bebê mame até o fim, até esgotar o leite dessa mama porque a concentração dos nutrientes no leite vai se modificando de acordo com o momento. Então, inicialmente, o leite tem uma composição mais líquida, mais hídrica, com mais água para hidratação do bebê e, no final desse leite oferecido por essa mama, o leite vai ser mais rico em gordura, para saciedade do bebê. Então é importante que cada mama seja oferecida de uma vez. Tem momentos em que é necessário você oferecer uma mama até o fim e depois a outra numa mesma mamada, ou o bebê pode também ficar saciado com uma mama só, e na próxima mamada é a outra mama que será oferecida, mas o revezamento precisa ser feito.
Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção do leite?
Verdade! Assim como situações de estresse agudas também podem alterar o fluxo menstrual, fora do cenário da gestação e do puerpério, podem interferir na produção do leite.