Diariamente a Justiça brasileira recebe cerca de 100 processos por erro médico. O número coloca o país em segundo no ranking mundial de ações judiciais contra profissionais de saúde, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada minuto cinco pessoas morrem ao redor do mundo por algum erro médico, no Brasil o número é de seis pessoas a cada hora. No entanto, caracterizar um erro médico não é um processo fácil, o fato de um procedimento estético, por exemplo, não ter saído exatamente como o paciente queria pode não ser considerado erro. A linha é tênue e cada caso deve ser analisado individualmente. O advogado Lucas Braga dá dicas de como se precaver: “Sempre procure outra opinião, outro hospital, outra clínica. Guarde toda a documentação, todos os laudos e exames que forem realizados, guarde tudo. O primeiro foco é a saúde, o segundo é procurar outra opinião e o terceiro é ficar atento à documentação”.
Há um ano, a produtora de eventos Juliana Nespatti, consultada pela reportagem da Jovem Pan News, passou por uma cirurgia para colocar uma prótese de silicone e, ao sentir muitas dores, percebeu que seus pontos estavam abertos e com pus. O médico prescreveu um antibiótico e fez novos procedimentos, no entanto, o sentimento da paciente foi de desamparo já que, segundo ela, o especialista não explicava exatamente o que tinha dado errado e quais condutas estava adotando. “Depois de três dias com o peito vazando e aberto fui nele e eu mesma falie: ‘Doutor, isso é seroma’. Ele não falou nem que sim, nem que não, continuou quieto. Só que o meu peito começou a doer muito”, relatou a produtora.
Juliana ia com frequência ao consultório para refazer os pontos, mas nada adiantava, até que o médico apontou a necessidade de um novo procedimento: “Ele falou pra mim que a cirurgia era para fazer uma drenagem, uma limpeza do meu seio. Houve a drenagem, mas ele retirou minha prótese de silicone e o problema ainda não havia cessado. Continuou abrindo os pontos, começou a criar feridas”. Ao consultar outro especialista, a produtora de eventos descobriu que estava com uma bactéria que, segundo a vítima, foi contraída por falta de higienização dos materiais usados no implante. Diante disso ela entrou com um processo contra o médico que realizou o procedimento.
A ginecologista Naira Scartezzini avalia que o alto número de notificações por erro médico não está necessariamente relacionado a uma falta de qualificação. “Ter um aumento da notificação de possíveis erros médicos é muito rico para que nós, como conselho médico, possamos avaliar como melhorar as condições que o médico trabalha e também para que os pacientes que estão em dúvida sobre se o procedimento foi bem conduzido também possam ter mais informações”, avalia. A médica também ressalta a importância de um diálogo aberto e claro com o paciente e que isso está previsto em lei.
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