Alterações Músculo-Esqueléticas na Gestação

Dra. Clarissa Pereira Ianoni Durigan
Ortopedista e Traumatologista
Cirurgia de Mão e Microcirurgia

Observamos, durante a gestação, algumas mudanças que ocorrem na musculatura e no esqueleto das pacientes devido a alterações hormonais, anatômicas e fisiológicas. Elas têm uma alta incidência, porém são transitórias na maior parte dos casos. O tratamento se torna mais difícil devido à limitação do uso de medicamentos nesse período.

O ganho do peso corporal e a protrusão do abdômen levam a um aumento da lordose lombar e anteriorização do centro de gravidade corporal, com sobrecarga e fadiga da musculatura. A pelve sofre uma adaptação biomecânica para conter o bebê no útero, sem maiores implicações clínicas. O hormônio prolactina leva a uma maior retenção hídrica.

LOMBALGIA (“dor nas costas”) – até 70% das gestantes referem este sintoma! É geralmente uma dor lombar baixa, imprecisa, sem alivio com repouso. A musculatura vertebral muitas vezes está contraturada. Ocorre pelo aumento de peso, lordose e sedentarismo. Pode confundir com cálculo renal. Não se recomenda radiografar, e RM só em casos mais graves.

O tratamento é feito com fisioterapia para alongamento e analgesia, medicação via oral para dor por curtos períodos. O mais importante é a prevenção com controle do peso corporal, postura (RPG), acompanhamento multidisciplinar desde o 1° mês.

 

 

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO – é a compressão do nervo mediano no túnel osteofibroso do punho, e aumenta sua incidência na gestação devido ao acúmulo de líquido corporal.  Mais comum no 2° e 3° trimestre. Leva a sintomas como formigamentos nas mãos (principalmente à noite), dor local e algum grau de perda de força. O diagnóstico é feito pelo exame clínico, e o quadro pode persistir até o puerpério.

O tratamento é feito com fisioterapia para dessensibilização, analgésicos por curto período, complexo B. Em alguns casos, está indicada cirurgia se os sintomas não melhorarem após a gestação.

 

TENOSSINOVITE ESTENOSANTE de DE QUERVAIN – é a inflamação dos tendões abdutor longo e extensor curto do polegar no punho. Conhecida também como “tendinite das grávidas”. Acontece devido ao acúmulo de líquido e ao excesso de uso com movimentos repetitivos. Mais comum no 3° trimestre.

Os sintomas geralmente são de dor sobre o estiloide radial e perda de força no polegar. Diagnostica-se clinicamente, e o tratamento é feito com fisioterapia e analgésicos por curto período. Em alguns casos, está indicada cirurgia se os sintomas não melhorarem após a gestação.

 

OSTEONECROSE (necrose avascular) DA CABEÇA FEMORAL – é uma artrite degenerativa com potencial para graves sequelas. Observa-se diminuição da circulação de sangue na medular óssea, com morte tecidual. Não se sabe a causa exata (talvez pelo aumento dos níveis de cortisol).

Os sintomas são de dor no quadril afetado, claudicação (paciente “manca”) e limitação do movimento do quadril, mais comuns no 3° trimestre. Pode ser bilateral em até 80% dos casos. O diagnóstico precoce é importante, e a RM é mais indicada. O tratamento é feito com retirada do peso imediata, analgésicos e cirurgia após o parto.

 

CÂIMBRAS – são contrações musculares com espasmos, involuntárias, mais comuns no 2° e 3° trimestres da gestação. Observam-se relatos do quadro à noite, geralmente no tríceps sural (panturrilha). Ocorre devido à diminuição de cálcio e magnésio na gestante pela maior demanda fetal.

O tratamento é feito com suplementação de cálcio e minerais, de complexo B e atividades físicas + alongamentos. A prevenção é importante, com suplementos precoces e exercícios programados.

 

MERALGIA PARESTÉSICA (Sindrome de Roth) – é a compressão do nervo cutâneo femoral da coxa, podendo ser bilateral. Ocorre no 3° trimestre da gestação, e os sintomas são relatados como formigamento na parte superior da coxa, perda de força e incômodo local. Pode ser causado tanto pela retenção hídrica quanto pela tensão causada pelo aumento do volume abdominal. O tratamento é expectante, com repouso, complexo B. A grande maioria melhora no pós-parto.

Como pudemos observar, diversas das alterações ortopédicas que ocorrem na gravidez podem levar a quadros álgicos e compressões que são limitadas ao período gestacional. Se a gestante apresentar qualquer destes sintomas, é essencial que se faça uma avaliação com ortopedista para adequar o tratamento e diminuir o incômodo. A prevenção também é fundamental, evitando estas patologias.

 

 

 

Dra. Clarissa Pereira Ianoni Durigan
Ortopedista e Traumatologista
Cirurgia de Mão e Microcirurgia
CRM 131297 / TEOT 12449
Al. Santos, 122 Cj.303 Jardim Paulista
São Paulo – SP – CEP 01418-000
Tel.: (11) 3251 2806 / (11) 3251 2773
www.ortodurigan.com.br

Optimized by Optimole