Excesso de sexo pode comprometer a saúde íntima feminina? Especialistas esclarecem se há limite para prática

Processo de desconstrução de tabus e mitos em torno do assunto ainda é lento

Por O Globo — Rio de Janeiro

O sexo continua sendo um assunto proibido, reprimido e visto com certa estranheza na sociedade. Prova disso é que rumores e afirmações antigas ainda cercam a vida sexual das mulheres. Com a quantidade de cirurgias plásticas de reconstrução da região íntima feminina, fica a dúvida: transar demais alarga a vagina? O boato existe há muito tempo, mas será que é cientificamente comprovado? Confira entrevista completa a seguir!

Em conversa com ELA, Dra. Naira Scartezzini Senna afirma que não há argumentos científicos que confirmam a informação. Os procedimentos, segundo a ginecologista, surgiram com diferentes focos, como o estético, da mudança que acontece com a pele, a perda do colágeno e com o envelhecimento.

— Isso impacta a região genital. O foco desses tratamentos mais superficiais, estética de manchas e dessa mudança que acontece na região da vulva, e existe também uma cirurgia possível para a aproximação da musculatura da vagina, que a sua indicação técnica teórica inicial que fez com que surgisse essa técnica, era por algum dano causado no canal de parto durante o parto vaginal. Quando temos alguma laceração muscular do canal de parto, durante o parto vaginal, que gera um impacto na vida sexual dessa paciente, existe um procedimento cirúrgico de correção dessa musculatura. Mas não existe nenhuma recomendação formal dos órgãos que nos regulamentam nacional e internacionalmente de que esse procedimento também deve ser feito por estética. Então, é um procedimento funcional de aproximação da musculatura quando existe alguma laceração muscular em alguma situação — diz.

Dra. Dandhara Constantino afirma que existem abordagens um pouco diferentes a respeito do tema. A fisioterapeuta pélvica, especializada em disfunções sexuais e urinárias na saúde da mulher e do homem, conta que muitos médicos optam por fazer a cirurgia.

— E a gente faz uma, vamos dizer assim, uma ‘falsa reconstrução’ desse local. A questão, a maioria das vezes, é que tem que estar relacionado a alguns hábitos para que a cirurgia tenha sucesso. Então, o ato do sexo em si não é um dificultador para isso acontecer, porém, para gente poder documentar isso, seria legal fazer grupos testes, com pacientes específicas, com os mesmos grupos de mulheres, com a mesma idade, as mesmas características, a mesma estatística, porque a maioria das vezes, elas acham que essa informação é verdadeira e, na verdade, para que a gente tenha uma diferença nessa musculatura, ela é multifatorial, ela não está relacionada apenas à questão sexual, ela tem que também ter alguns partos, ela também tem que ter algumas queixas e alguns sintomas específicos para ter alguma diferença efetivamente — enfatiza.

Sexóloga, palestrante e empresária, Camisa Gentile esclarece se há um limite para a prática.

— Só transar não vai alargar nada, mas, temos a informação de que até o pênis torto pode dar um contorno mais significativo em um dos lados do canal vaginal. Na verdade, a flacidez vaginal pode ser ocasionada não pelas inúmeras relações sexuais, mas, sim, por outros fatores. Em média, o canal vaginal mede em torno de até 3 cm e bem flexível a ponto de acomodar um bebê ou o órgão masculino.

A flacidez pode existir por alguns fatores como: partos naturais prévios, processo de envelhecimento, alteração dos níveis hormonais, obesidade, prolapso genital, excesso de carga, como carregar peso, variações de peso, tabagismo, uso de anabolizantes e sedentarismo.

— Essa flacidez também pode causar incontinência urinária, desconforto durante a relação sexual, diminuição de sensibilidade e satisfação sexual. Para tratamentos dessas causas temos muitos estudos evidenciando que o uso de vibradores pode ser terapêutico, ajudando a fortalecer os músculos do assoalho pélvico.

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